sexta-feira, 2 de novembro de 2012

ENEM


Bom dia alunos, hoje é dia de (SÓ) descansar bastante, mas como ainda há alguns desesperados vou repetir o que falamos durante o ano todo, o ENEM, traz questões que priorizam o raciocínio analítico e crítico. Portanto, não adianta decorar todo o livro de Geografia, e nem os nomes dos afluentes do rio Amazonas. Você vai ter que mostrar que realmente aprendeu aquela “matéria chata” não pela decoreba, mas pelo seu verdadeiro interesse. A prioridade do ENEM é avaliar a capacidade para resolver problemas. Em vez da matéria, o que vale são as competências e habilidades dos candidatos.
Então selecionei alguns temas importantes para a prova:
- Problemas urbanos (violência, habitação etc.);
- Agropecuária brasileira (estrutura fundiária e áreas de produção);
- Questão ambiental (o que inclui desmatamento, assoreamento, aquecimento global, erosão etc.) são os temas mais abordados, o que abre a possibilidade de abordagem de temas como a Rio+20 e o Código Florestal.
- Crise alimentar (Ligação com o petróleo);
- Floresta Amazônica e Cerrado (agronegócio);
- Fontes de Energia
- Relações Sociais nas Tendências Trabalhistas
- Teorias demográficas: Malthus, Reformista e Neomalthusiana.
- Xenofobia / imigração
- América do Sul ( Fique atento para as FARCs na Colômbia/eleições na Venezuela/ economia do Chile e principalmente a da Argentina
- Continente africano tem ficado fora do ENEM, quem sabe venha esse ano. Destaque para região Norte (Primavera Árabe).
Para se sair bem no ENEM é preciso saber pensar (use do bom censo, da lógica…enfim use sua inteligência), se conseguir fazer isso, sucesso garantido na prova.
Acredito na sua capacidade e estou torcendo muito muito muito por todos vocês!!!!

domingo, 30 de setembro de 2012

FURACÕES E TORNADOS

ENTENDA COMO SE FORMA A VENTANIA ARRASADORA QUE PODE DEIXAR UM RASTRO DE MILHARES DE MORTOS.

1. O furacão começa com a combinação de dois fatores: ar quente e úmido e a água aquecida dos oceanos das regiões tropicais.

2. As correntes de ar se aquecem em contato com a água, ficam mais leves e sobem, formando as primeiras nuvens. Enquanto sugam energia das águas quentes, essas correntes vão circulando em direção ao olho do furacão - região de baixa pressão no centro.

3. O atrito das correntes de ar com a superfície do mar faz com que os ventos e as nuvens girem de oeste para leste, no sentido de rotação da Terra. O ar mais quente vai subindo numa espiral pelo olho do furacão.
4. Quando as nuvens atingem 5 mil metros de altura, começa a chover. Nesse ponto, o ar seco ascendente encontra as nuvens, resfria-se, ficando mais pesado, e desce pelo olho do furacão. Esse ar, ao chegar à superfície do mar, vai formar novas nuvens.

5. O ciclone passa a se deslocar quando ventos externos sopram na direção oeste em grande velocidade. Se ele chegar ao continente e encontrar baixa a umidade do ar, as nuvens se desfazem e - ufa! - o vendaval acaba.

CICLONE, TUFÃO, FURACÃO OU TORNADO?
Embora essa palavras sejam comumente usadas como sinônimos de furacão, há uma pequena diferença entre elas. Na verdade, o "pai de todas as tempestades" seria o ciclone, como denominamos qualquer perturbação atmosférica em cujo centro a pressão é muito baixa, provocando ventos circulares e superiores a 119km/h. Ele ocorre nas regiões tropicais, sobre mares quentes. A diferença refere-se a mais uma questão de localização. Em geral, o ciclone que se forma sobre o oceano Atlântico é chamado de furacão, enquanto o que se forma sobre o oceano Pacífico é conhecido como tufão. Por fim, há o caso dos tornados, que surgem sobre o continente, após o choque de uma massa de ar quente com outra de ar frio - a ventania toma a forma de um cone invertido e sai num turbilhão arrasador com velocidades de até 500 km/h.


ESCALA DE DESTRUIÇÃO

Categoria 1: Ventos de 119 a 153 km/h.
Danos mínimos.
Quase não há destruição, mas o vento arrasta arbustos e derruba galhos de árvores, além de causar pequenas inundações.

Categoria 2: Ventos de 154 a 177 km/h.
Danos moderados.
Telhados e janelas são danificados. Ondas de até 2,4 metros acima do normal inundam ruas da orla, obrigando a retirada dos moradores.

Categoria 3: Ventos de 178 a 209 km/h.
Danos grandes.
A ventania consegue derrubar árvores, inundando e abalando edificações. Construções pouco resistentes podem desabar.

Categoria 4: Ventos de 210 a 249 km/h.
Danos extremos.
Paredes e tetos de grandes construções são derrubados e ondas de até 5 metros acima do normal provocam inundações graves.

Categoria 5: Ventos superiores a 249 km/h.
Danos catastróficos.
É alta a possibilidade de mortes. Árvores são arrancadas e edifícios podem cair. Os danos se espalham pela região, que precisa ser evacuada.


Fonte: Guia do Estudante Geografia 2012 - Editora Abril

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

CONSIDERAÇÕES SOBRE OS ESTUDOS DO RELEVO BRASILEIRO


O relevo brasileiro tem formação antiga é resultado, principalmente, da sucessão de ciclos climáticos e da ação das forças internas da Terra, como a movimentação das placas tectônicas, as falhas e o vulcanismo.
Existem diferentes classificações do relevo brasileiro, cada uma obedecendo a um critério. Entre as mais conhecidas estão a realizada em 1940 pelo professor Aroldo Azevedo, que utilizou como critério o nível altimétrico. Na década de 1950, o professor Aziz Ab´Saber apresentou uma nova classificação, baseando no processo de erosão e sedimentação. A mais recente classificação do relevo brasileiro é de 1995, elaborada pelo professor do departamento de geografia da Universidade de São Paulo (USP), Jurandyr Ross. Seu trabalho tem como referência o projeto Radambrasil, um levantamento realizado no território brasileiro, entre 1970 e 1985, com um equipamento espacial de radar instalado em avião. Ross considera 28 unidades de relevo, divididas em planaltos, planícies e depressões.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

DICAS PARA O ENEM 2012


Faltam apenas dois meses para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e, para quem está com medo de não dar tempo para estudar tudo, vai uma dica. O Portal da Band reúne, a partir deste domingo, os principais temas que podem cair na prova de acordo com cada matéria.
As primeiras dicas vão para a prova de Geografia. O Universia Brasil realizou um mapeamento das questões do exame desde a primeira prova, em 1998, até a edição mais recente, em 2011.
Segundo o professor Daril Francisco Feltrin, do cursinho Oficina do Estudante, se compararmos as primeiras edições às mais recentes perceberemos que a prova ficou mais óbvia e simples. "Para acertar as questões, é preciso analisar a atualidade, ler jornais e boas revistas, prestar atenção nos noticiários, principalmente no que é analisado nos primeiros seis meses do ano, de janeiro a junho", afirma.
De acordo com o docente, porém, a matéria pode estar relacionada a outras áreas de estudo, como a Biologia (em análises de aspecto ambiental) e História (ao contar o contexto de determinado aspecto socioeconômico).
Confira, abaixo, o que mais é cobrado nas questões de geografia do Enem:
Agricultura
Dentro deste tema estão assuntos como reforma agrária e problemas de distribuição de terra, extrativismo predatório, agronegócio, agropecuária, fome e subalimentação no Brasil e América Latina, além de possíveis impactos sociais da agricultura. 
Por exemplo, o êxodo rural. “Ao falar de agricultura ou agronegócio no Enem a questão provavelmente terá um texto introdutório com maior número de linhas, sendo cobrada do aluno boa interpretação de texto. Uma dica é tentar transformar o enunciado em uma alternativa correta”, indica Feltrin.
Aspectos Socioeconômicos
São cobrados assuntos como desemprego, migração, mortalidade infantil, natalidade, indicadores de saúde, IDH (índice de desenvolvimento humano). 
Outros assuntos bastante abordados são os dados sobre a população, como crescimento e envelhecimento. “Gráficos e tabelas aparecem especialmente nestas questões. É necessário prestar atenção diretamente na tabela e não apenas nas alternativas, identificando nela quais são as informações necessárias para responder a questão”, explica o professor.
Desenvolvimento e Impactos Ambientais
Questões sobre problemas ambientais como o desmatamento, efeito estufa, enchentes, recursos hídricos, petróleo, poluição, a usina hidroelétrica de Belo Monte, lixo e energia também são muito frequentes. Esses assuntos costumam estar relacionados com Biologia. 
Para 2012, Feltrin indica assuntos como a Rio+20 e o Novo Código Florestal com possibilidades de serem cobrado pelo exame.
Geopolítica
Os tópicos cobrados no Enem sobre geopolítica estão normalmente relacionados a algum contexto histórico apresentado no enunciado da pergunta. Assuntos como globalização, terrorismo, petróleo e guerras, Mercosul, união de livre comércio entre países da América Latina, Primavera Árabe e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) costumam cair com frequência. 
O professor Feltrin completa que o aluno deve “procurar informações em jornais, noticiários e mudanças geopolíticas recentes nos mapas como, por exemplo, a questão do novo país africano, Sudão do Sul.
Além disso, o especialista indica assuntos como as eleições presidenciais nos EUA, ditadura militar no Brasil e a Comissão da Verdade, o populismo, trabalho escravo no Estado de São Paulo e a imigração de haitianos para o país como grandes candidatos para serem cobrados neste ano.
Independentemente do tema apresentado nas questões, é a capacidade de interpretação de texto do aluno que irá indicar o seu sucesso. “A análise de tabelas, textos e mapas é muito frequente. O Enem costuma avaliar as habilidades e competências do aluno, não apenas conteúdos, pois é uma prova voltada para o ensino médio e não funciona como os vestibulares tradicionais”, completa o professor.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

URBANIZAÇÃO


URBANIZAÇÃO MUNDIAL


A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, as atividades industriais e de serviços expandiram-se nas cidades, consolidando seu papel centralizador.

São Paulo e seu crescimento urbano
Urbanização é um processo de afastamento das características rurais de uma localidade ou região, para características urbanas. Usualmente, esse fenômeno está associado ao desenvolvimento da civilização e da tecnologia. Demograficamente, o termo denota a redistribuição das populações das zonas rurais para assentamentos urbanos. O termo também pode designar a ação de dotar uma área com infra-estrutura e equipamentos urbanos, o que é similar a significação dada à urbanização pelo Dicionário Aurélio - Século XXI: "conjunto dos trabalhos necessários para dotar uma área de infraestrutura (por exemplo, água, esgoto, gás, eletricidade) e/ou de serviços urbanos (por exemplo, de transporte, de educação, de saúde)". Ainda pode ser entendido somente como o crescimento de uma cidade.
Em 2008, pela primeira vez na história, o número de pessoas vivendo em cidades superou o número de pessoas vivendo no campo. A humanidade parece estar deixando para trás o longo passado rural, e caminhando rapidamente para um futuro cada vez mais urbano. De acordo com estimativas da ONU, entre 2005 e 2030, todo o crescimento da população mundial ocorrerá em cidades, especialmente naquelas situadas em países pobres.
As cidades resultam de um processo de ocupação e organização do espaço com algumas características comuns. Em primeiro lugar, são locais de grande aglomeração de pessoas. Desde os primeiros núcleos urbanos, isso representou certo grau de permanência, de vida sedentária, rompendo a intensa mobilidade dos povos nômades. Mas foi também nas primeiras cidades que surgiram ou se especializaram atividades distintas daquelas realizadas no campo, tais como o comércio, a administração e as ligadas à defesa dos territórios.
A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, as atividades industriais e de serviços expandiram-se enormemente nas cidades, intensificando ainda mais a concentração da população nesses espaços e consolidando seu papel centralizador.
Os critérios que distinguem o urbano e o rural são definidos pelas agências nacionais de estatísticas (no caso do Brasil, o IBGE), de acordo com as normas estabelecidas pela legislação de cada país. Por isso mesmo, eles variam muito de um país para outro e são muito relativos. Na Islândia, uma aglomeração com apenas 300 habitantes já é classificada como cidade; na Grécia, seriam necessários 10 mil habitantes para atingir o mesmo status. No Brasil são considerados urbanos aqueles que residem na sede dos municípios ou na sede dos distritos municipais, independentemente do número de habitantes.
Quando falamos em urbanização, estamos nos referindo ao aumento da porcentagem de população urbana em relação à porcentagem de população rural. Em um país urbanizado, a porcentagem da população vivendo em assentamentos considerados urbanos é superior à da população rural. Esse fato ocorre principalmente devido ao êxodo rural, ou seja, à migração rural-urbana. O nível de urbanização é a percentagem da população total que vive nas cidades; a taxa de urbanização refere-se ao ritmo de crescimento da população urbana.
Nas economias modernas, o mundo rural é fortemente conectado ao mundo urbano. Máquinas e equipamentos industrializados, assim como tecnologias produzidas na cidade, são consumidos nas áreas rurais, que, por sua vez, abastecem as cidades com alimentos e matérias-primas. Quanto maior o grau de modernização técnica da agricultura, menor é a oferta de trabalhadores agrícolas e mais urbanizada tende a ser sociedade.
Entretanto, existe uma grande diferença entre população rural e população agrícola. População rural é aquela que mora em áreas rurais; população agrícola é aquela diretamente vinculada ao trabalho na agricultura e na pecuária. No estado de São Paulo, por exemplo, aproximadamente metade da população rural realiza atividades não agrícolas, tais como prestação de serviços domésticos e de lazer.
Com o crescimento desordenado, surgem as favelas

AS ONDAS DE URBANIZAÇÃO

A primeira grande onda de urbanização, circunscritas aos países mais desenvolvidos da Europa e da América do Norte, ocorreu entre 1750 e 1950, quando a taxa de urbanização do conjunto desses países passou de 10% para 52%, e a população urbana cresceu de 15 para 423 milhões de pessoas. A pioneira Inglaterra já apresentava nível de urbanização superior a 50% em 1850. A industrialização, o desenvolvimento das cidades e a modernização agrícola explicam esse processo, que gerou inúmeros problemas ambientais e sociais.
Uma segunda onda de urbanização teve início em 1950, nos países subdesenvolvidos da América Latina, Ásia e da África. Trata-se de um processo muito mais veloz. A ONU estima que a população urbana deverá duplicar entre 2005 e 2030, com crescimento acelerado na América Latina, que já apresenta nível de urbanização superior ao da Europa.
Cerca de 80% do crescimento urbano no planeta entre 2005 e 2030 deverá ocorrer na Ásia e na África, que no final deste período abrigarão quase sete de cada dez habitantes urbanos no mundo. Entretanto, a China e a índia, que têm as maiores populações do mundo, ainda contam com grande porcentagem de população rural.
A segunda onda de urbanização pode ser explicada pela concentração da propriedade da terra e pala falta de apoio aos pequenos agricultores, que expulsam continuamente a população agricola. Em diversos países pobres, a migração rural-urbana se destina a um número reduzido de cidades. Motevidéu, no Uruguai Buenos Aires, na Argentina, e Seul, na Coreia do Sul, são exemplos de cidades que concentram mais de 50% da população urbana do país, fenômeno conhecido como macrocefalia urbana, isto é, caracterizada pelo desequilíbrio populacional de uma determinada região que pode ser classificada como cidade, estado ou país onde se tornam dominantes e autoritárias em relação a outras cidades por ser favorecida pela quantidade de habitantes que contém e também pela grande quantidade de indústrias em seu território.
Os grande aglomerados urbanos no mundo
A rápida urbanização dos países subdesenvolvidos está sendo acompanhada de um novo conjunto de problemas ammbientais, sociais e de saúde, já que não vem sendo acompanhada pelos investimentos em infraestrutura, como energia, água e saneamento, e principalmente, pela oferta de trabalho.
Para a maior parte da população recém-chegada do campo, sobram apenas empregos temporários, de baixa remuneração, e moradias precárias, tais como as favelas e os cortiços. A situação de exclusão social gera violência urbana e alimenta o aliciamento dos mais jovens para as atividades ilegais, tais como o tráfico de drogas.
Entyretanto, mesmo nessas condições, a ONU acredita que a urbanização do planeta pode ser um fenômeno positivo.

URBANIZAÇÃO: PROBLEMA OU SOLUÇÃO?

"A urbanização - o aumento da parcela urbana na população total - é inevitável e pode ser positiva. A atual concentração da pobreza, o crescimento das favelas e a ruptura social nas cidades compõem, de fato, um quadro ameaçador. Contudo, nenhum país na era industrial conseguiu atingir um crescimento econômico significativo sem a urbanização. As cidades concentram a pobreza, mas também representam a melhor oportunidade de se escapar dela. As cidade também refletem os danos ambientais causados pela civilização moderna; entretanto, os especialistas e os formuladores de políticas reconhecem cada vez mais ovalor potencial das cidades para a sustentabilidade a longo prazo. Mesmo que as cidades gerem problemas ambientais, elas também contêm as soluções. Os benefícios potenciais da urbanização compensam amplamente suas desvantagens. O desafio está em aprender como explorar suas possibilidades."
As megacidades espalhadas pelo mundo

METRÓPOLES, MEGACIDADES E CIDADES GLOBAIS

Em 200, o tamanho médio das 100 maiores cidades do mundo era cerca de dez vezes maior do que em 1900.
Apesar desse aumento espantoso, mais metade da população urbana mundial vive em cidades com menos de 500 mil habitantes. No outro extremo, 9% da população mundial habita cidades com mais de 10 milhões de habitantes, classificadas pela ONU como megacidades.
Atualmente, a maior parte das megacidades do mundo está situada em países subdesenvolvidos. É o caso de Mumbai (ex-Bombaim), Délhi e Calcutá, na Índia; Jacarta, na Indonésia; São Paulo, no Brasil; de Buenos Aires, na Argentina; da Cidade do México, no México; de Pequim (Beijing) e de Xangai, na China. Nos países desenvolvidos destacam-se as megacidades de Nova York e Tóquio.
No entanto, muitas megacidades combinam a redução da taxa de crescimento natural de suas populações com movimentos migratórios em direção a outros centros urbanos, o que tem como resultado um crescimento populacional moderado ou baixo. Isso ocorre, por exemplo, em Buenos Aires, Calcutá, Cidade do México, São Paulo e Seul.
As megacidades reúnem migrantes de diversas procedências, muitos deles constituindo grupos de variadas etnias. Dessa forma, além de serem centros de economia dinâmica, crescimento e inovação, são territórios de grande diversidade cultural. Por outro lado, elas também são pontos de concentração de desigualdades sociais e de degração ambiental.
A concentração da população nas cidades provocou dois processos interligados: a verticalização das áreas mais centrais e o surgimento de novos loteamentos na periferia urbana.
O principal fator responsável pela verticalização é o aumento dos preços dos terrenos nos bairros com melhor infraestrutura e acessibilidade. O valor elevado por metro quadrado torna rentável a indústria da construção civil, que atua agressivamente na obtenção de lotes e na oferta de empreendimentos imobiliários. Um dos melhores exemplos desse processo é o da região da Central Park, em Nova York: é preciso pagar um preço astronômico para ter o privilégio de usufruir a melhor vista da cidade.
Nas últimas décadas, porém, os novos loteamentos na periferia crescem mais rápido do que a verticalização, dando origem ao fenômeno da periurbanização.
As causas desse fenômeno são variadas. O elevado custo dos imóveis nos bairros mais próximos do centro expulsa a população de menor renda, que busca solucionar seu problema de moradia nos loteamentos mais distantes, deficientes em infraestrutura e serviços urbanos adequados. Por sua vez, a população de maior renda investe em loteamentos de alto luxo fora do núcleo central, longe da poluição e do congestionamento.
A maior parte do lixo urbano ainda é jogado em lixões a céu aberto
O processo de expansão territorial das cidades muitas vezes resulta na formação de grandes manchas urbanas, que atravessam as fronteiras municipais. Esse fenômeno é conhecido como conurbação.
A região do ABCD de São Paulo é um exemplo típica dessa situação, pois une fisicamente as áreas urbanas Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano Sul e Diadema. Na Alemanha a urbanização se estende ao longo do Rio Reno, abrangendo cidades próximas como Colônia, Dusseldorf, Essen e Bonn.
As cidades mais importantes de um país, ou a cidade principal de uma rede urbana conurbada, recebem o nome de metrópole (junção de duas palavras gregas: menter, mãe, e pólis, cidade). A influência das metrópoles se estende de forma acentuada às cidades vizinhas, funcionando como polos de prestação de serviços sofisticados.
As metrópoles nacionais exercem influência em todo o território de um país. É o caso, por exemplo, de Nova York (EUA), Tóquio (Japão), Sidnei (Austrália) e São Paulo (Brasil). Já as metrópoles regionais, como Lion (sudeste da França), Vancouver (litoral do Pacífico canadense), Seattle (noroeste dos EUA) e Belém (Região Norte do Brasil), influenciam uma parte do território do país.
As megalópoles são as maiores aglomerações urbanas da atualidade. Elas se formam pela expansão ou pela conurbação de duas ou mais metrópoles, originando uma extensa área urbanizada. Em geral, uma ou mais metróples polarizam, ou seja, exercem influência em toda a região conurbada.
A mais antiga e maior megalópole é a chamada Bos-Wash, na costa nordeste dos Estados Unidos. Ela se estende por territórios de dez estados, desde Boston (Bos) até Washington (Wash), abrangendo a importante metrópole de Nova York, além de Baltimore e Filadélfia. Concentra cerca de 20% da população total do país.
Na Inglaterra, destaca-se a megalópole Londres-Birmingham-Manchester. No sudeste do Japão, a megalópole de Tokaido abrange Tóquio, Nagoya, Hamamatsu, Osaka, Kyoto, Kobe, Hiroshima e Nagasaki e estende-se por grande parte do território japonês.
Algumas cidades tornaram-se centros de poder. Elas coordenam e centralizam atividades terciárias (bancos, publicidade, consultorias etc.) e são promotoras da integração das economias nacionais com os mercados mundiais. Conhecidas como cidades globais, constituem espaços essenciais de administração, coordenação e planejamento da economia capitalista nesta época de globalização. Observe algumas características dessas cidades.
Dotadas de boa infraestrutura, comandam as atividades produtivas.
São polos financeiros, comerciais e de serviços. Por elas transitam a maior parte do dinheiro que alimenta os mercados financeiros internacionais. Contam com investimentos em tecnologia de ponta.
Sediam grandes empresas transnacionais.
Têm profunda integração com a economia global,irradiam progressos tecnológicos e polarizam os fluxos das redes mundiais.
Integram-se às redes mundiais por um conjunto de atividades que caracterizam a fase econômica atual, como serviços especializados e alta tecnologia para a indústria e para o comércio: escritórios, consultorias, publicidade, financiamentos, telecomunicações etc.
Considerando essas características, a maior parte das megacidades não são cidades globais. É o caso da maior parte das megacidades dos países subdesenvolvidos, que possuem precária infraestrutura de transportes e de comunicações e nas quais predomina a população de baixa renda. Por outro lado, algumas cidades globais são relativamente pequenas em termos populacionais.
Alguns autores chegam alistar 55 cidades globais no mundo, como Zurique, na Suíça; Nova York, nos Estados Unidos; e Tóquio, no Japão. A maior parte dessas cidades localiza-se em países desenvolvidos, mas a rede se estende também por cidades em países subdesenvolvidos, como Cingapura, Cidade do México e São Paulo. Entretanto, alguns estudiosos consideram que o fenômeno mais importante da atualidade é a disseminação das megacidades, e que, em alguma medida, toda cidade é global.

A SOCIEDADE URBANA

Em todo o mundo, a população que migra do campo para acidade busca uma vida mais confortável, a possibilidade de consumir mais produtos e usufruir melhores serviços. Entretanto, principalmente nos países periféricos, as estatísticas mostram que a maior parte da população urbana é composta de pessoas pobres, ainda que de modo geral elas expressem preferência pela vida na cidade devido às condições de extrema carência em que viviam no meio rural.
Com possibilidades limitadas de emprego, uma parcela considerável da população que migra para as cidades integra-se na economia informal, composta de atividades não regulamentadas, ficando à margem do sistema tributário.

SANEAMENTO E LIXO URBANO

Segundo a ONU, em 2005 havia 2,6 bilhões de pessoas (quase metade da população mundial) sem acesso a saneamento adequado. Essas pessoas têm de recorrer a fossas, lagos, rios e córregos já poluídos com excrementos humanos ou de animais. Em Nairóbi, no Quênia, a falta de sanitários e de saneamento nos bairros pobres obrigam as pessoas a usar sacos plásticos para recolher suas fezes e deixá-los nas ruas.
Com o crescimento e a multiplicação das cidades, surgiu outro problema ambiental: a escassez de áreas para destinação do lixo sólido. O maior consumo de produtos industrializados e, principalmente, de produtos descartáveis aumentou o volume de lixo assustadoramente, tornando seu destino um dos maiores problemas da sociedade moderna.
Na maioria das cidades so mundo menos desenvolvido as montanhas de lixo geradas diariamente são depositadas em lixões a céu aberto. Esse modo de destinação final do lixo causa graves problemas ambientais: a deteriorização dos materias exala odores fortes, contamina as águas superficiais e subterrâneas pela infiltração do chorume - um líquido proveniente da decomposição do lixo - e é foco de transmissão de doenças à população do seu entorno.
A incineração do lixo, outra destinação dada ao lixo em diversas cidades, reduz entre 60% e 90% o volume dos resíduos sólidos, transformando-os em gases, calor e materiais inertes. Entretanto, polui o solo, as águas e o ar com cinzas e escórias de metal.
Vejamos algumas soluções para uma melhor destinação ao lixo.
O aterro sanitário é um processo de redução do volume dos resíduos sólidos. Após a deposição no solo, o lixo é compactado e coberto diariamente com uma camada de terra, oferecendo menor risco à saúde pública. Muitos aterros exploram o biogás, produzido pela decomposição da matéria orgânica depositada, permitindo a produção de eletricidade.
A usina de compostagem é uma instalação que transforma o lixo orgânico (restos de alimentos, cascas e bagaços de frutas, verduras, legumes, podas de jardim) em composto (adubo) para uso agrícola.
A usina de reciclagem promove a separação de materiais como metais, vidros, plásticos e papéis para reutilização, o que traz muitos benefícios, como economia de divisas, de energia e de matéria-prima.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A NOVA (DES) ORDEM MUNDIAL - MATERIAL DE APOIO.


De quem será o século 21?*
IMMANUEL WALLERSTEIN
Autor do livro "O Declínio do Poder Americano" delineia cenários que
incluem o enfraquecimento dos EUA, o poder ascendente da China e a
anarquia multipolar
*Publicado na Folha de São Paulo – Artigo – 11.06.2006

Henry Luce, em 1941, declarou que o século 20 era o século dos Estados Unidos. E a maioria dos analistas, desde então, concordou com ele. É claro que o século 20 foi mais do que apenas o século americano. Foi o século da descolonização da Ásia e da África. Foi o século do florescimento tanto do fascismo quanto do comunismo, como movimentos políticos. E foi o século tanto da Grande Depressão quanto da inacreditável e inusitada expansão da economia mundial nos 25 anos que se seguiram ao final da Segunda Guerra Mundial. Mas ele foi o século dos EUA, não obstante. Os Estados Unidos se tornaram a potência hegemônica inconteste no período de 1945 a 1970 e moldaram um sistema mundial de acordo com sua própria visão. Os Estados Unidos se tornaram o maior produtor econômico mundial, a força política dominante e o centro cultural do sistema mundial. Em suma, os Estados Unidos dirigiram o espetáculo mundial, pelo menos por algum tempo. Hoje os EUA se encontram em declínio visível. Cada vez mais analistas se dispõem a declarar isso abertamente, mesmo que a linha oficial do establishment americano seja negá-lo com vigor, assim como certa parte da esquerda mundial insiste em afirmar a hegemonia americana contínua. Mas realistas de mente clara de todas as vertentes reconhecem que a estrela dos EUA está perdendo seu brilho. A pergunta que percorre todo o trabalho sério de traçar prognósticos para o mundo é, portanto, de quem será o século 21? É claro que ainda estamos apenas em 2006, e é um pouco cedo para responder a essa pergunta com qualquer grau de certeza. Apesar disso, líderes políticos de todas as partes vêm lançando suas apostas e moldando suas políticas segundo essas apostas. Se reformularmos a pergunta, indagando apenas qual poderá ser a cara do mundo em 2025, por exemplo, talvez possamos ao menos dizer alguma coisa inteligente. Existem basicamente três conjuntos de respostas à pergunta de qual será a cara do mundo em 2025. A primeira é que os EUA vão desfrutar uma última fase de domínio, uma retomada de seu poder, e, na ausência de qualquer adversário militar sério, continuarão a mandar no mundo. A segunda diz que a China tomará o lugar dos EUA como superpotência mundial. A terceira reza que o mundo se tornará uma arena de desordem multipolar anárquica e relativamente imprevisível. Examinemos a plausibilidade das três previsões.
Improvável
Os EUA por cima? Existem três razões para se duvidar disso. A primeira delas, de natureza econômica, é a fragilidade do dólar americano como única moeda forte de reserva na economia mundial. Hoje o dólar é sustentado por infusões maciças de compras de títulos por parte do Japão, da China, Coréia e outros países. É extremamente improvável que isso continue. Quando o dólar tiver uma queda dramática, ele pode provocar um aumento momentâneo na venda de bens manufaturados, mas os EUA vão perder a posição de comando sobre a riqueza mundial e a capacidade de ampliar seu déficit sem sofrer penalidades sérias e imediatas. O padrão de vida americano vai cair, e haverá um influxo de novas moedas fortes de reserva, incluindo o euro e o iene. A segunda razão é militar. Tanto o Afeganistão quanto, em especial, o Iraque vêm demonstrando recentemente que não basta possuir aviões, navios e bombas. Um país precisa também dispor de uma grande força terrestre para superar resistências locais. Os EUA não dispõem de tal força e não vão dispor, por razões políticas internas. Logo, o país está fadado a perder guerras desse tipo. A terceira razão é de natureza política. Países em todo o mundo estão concluindo, pela lógica, que já podem desafiar os Estados Unidos politicamente. Vejamos a instância mais recente disso: a Organização de Cooperação de Xangai, que reúne a Rússia, China e quatro repúblicas centro-asiáticas, está prestes a se ampliar para incluir a Índia, o Paquistão, a Mongólia e o Irã. O Irã foi convidado no exato momento em que os EUA tentam organizar uma campanha mundial contra seu regime. O "Boston Globe" descreveu o que está ocorrendo como "aliança anti-Bush" e  "um deslocamento tectônico em termos geopolíticos". Será, então, que a China vai emergir no topo até 2025? É verdade que a China vem se saindo muito bem economicamente, vem ampliando consideravelmente sua força militar e está até mesmo começando a exercer um papel político sério em regiões distantes de suas fronteiras. Não há dúvida de que a China estará muito mais forte em 2025 do que está hoje -mas o país enfrenta três problemas que terá que superar. O primeiro problema é interno. A China não está politicamente estabilizada. A estrutura unipartidária tem a força do sucesso econômico e do sentimento nacionalista a seu favor. Mas ela enfrenta a insatisfação de cerca de metade da população, que não conseguiu subir no bonde econômico, e a insatisfação da outra metade diante das restrições impostas a sua liberdade política interna. O segundo problema da China diz respeito à economia mundial. O crescimento incrível do consumo na China (lado a lado com o da Índia) vai cobrar seu preço tanto do meio ambiente mundial quanto das possibilidades de acúmulo de capital. Um excesso de consumidores e de produtores terá repercussões graves sobre os níveis de lucro mundiais.
União
O terceiro problema está nos países vizinhos da China. Se a China levasse a cabo a reintegração de Taiwan, ajudasse a promover a reunificação das duas Coréias e chegasse (psicológico e politicamente) a um acordo com o Japão, poderia surgir uma estrutura geopolítica unificada asiática que seria capaz de assumir uma posição hegemônica no mundo. Esses três problemas podem ser superados, mas não será fácil. E as chances de que a China consiga superar essas dificuldades até 2025 são incertas. O último cenário é o da anarquia multipolar e das flutuações econômicas imprevisíveis. Em vista da incapacidade de se conservar em poder hegemônico antigo, da dificuldade em se estabelecer um novo e da crise no acúmulo mundial de capital, esse terceiro cenário parece ser o mais provável.
IMMANUEL WALLERSTEIN, pesquisador sênior na Universidade Yale, é autor de
"O Declínio do Poder Americano" (Ed. Contraponto).
Tradução de CLARA ALLAIN



A NOVA (DES) ORDEM MUNDIAL - MATERIAL DE APOIO


A HEGEMONIA DO NOVO LIBERALISMO
Corrente dominante no pensamento econômico contemporâneo, o neoliberalismo defende a abertura dos mercados e a redução do Estado.
No começo dos anos 1990, entramos num novo momento econômico mundial, que se convencionou chamar de globalização. Iniciado com o fim da Guerra Fria, após a queda do Muro de Berlim (1989) e a derrocada da União Soviética (1991) e dos regimes comunistas do Leste Europeu, é um período marcado pela crescente interdependência de todos os atores econômicos globais - governos, empresas e movimentos sociais.
Para entendermos a globalização, é preciso saber que o fenômeno em si começou há muito tempo. Os primeiros passos rumo à conformação de um mercado mundial e de uma economia global remontam aos séculos XV e XVI, com a expansão ultramarina européia. [...] O mercantilismo estimulou a procura de diversas rotas comerciais da Europa para Ásia e a África, cujas riquezas iriam somar-se aos tesouros extraídos das minas de prata e ouro do continente americano.
Essas riquezas forneceram a base para a Revolução Industrial, no fim do século XVIII, que, com o tempo, desenvolveu o trabalho assalariado e o mercado consumidor. As descobertas científicas e as inovações de máquinas provocaram a expansão dos setores industrializados e possibilitaram o desenvolvimento da exportação de produtos.
Surgiram, no fim do século XIX, as corporações multinacionais, industriais e financeiras, que iriam reforçar-se e crescer no século seguinte. O mercado mundial estava, então, atingindo todos os continentes. A interdependência econômica entre as nações tornou-se evidente em 1929: após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, a depressão econômica teve consequências negativas em todo o planeta. Enquanto isso, a Revolução Russa de 1917 e outros movimentos após a II Guerra Mundial retiraram diversos países de uma inserção direta no mercado mundial. Mas, com o tempo, esses regimes comunistas passaram a sentir uma crescente pressão econômica e política e foram se abrindo, gradualmente.
O fim do século XX assiste a um salto nesse processo. Em 1989 ocorre a queda do Muro de Berlim, marco da derrocada dos regimes comunistas no Leste Europeu. Nos anos seguintes, esses países serão incorporados ao sistema econômico mundial. A própria integração da economia global acentuou-se a partir dos anos 1990, por intermédio da revolução tecnológica, especialmente no setor de telecomunicações. A internet, rede mundial de computadores, revelou-se a mais inovadora tecnologia de comunicação e informação do planeta. A troca de informações (dados, voz e imagens) tornou-se quase instantânea, o que acelerou muito o fechamento de negócios.
[...]
Fonte: Atualidades Vestibular. São Paulo: Abril, 2008. p. 152.

TURBULÊNCIAS NO MUNDO GLOBALIZADO
A economia mundial enfrenta recessão em 2009, após crise financeira iniciada nos Estados Unidos.
Falência de bancos e indústrias, bolsas de valores em queda e países com a economia em crise. Esses têm sido alguns dos acontecimentos recentes da economia mundial, sobre os quais podemos ler todo dia nos jornais e revistas. Como, atualmente, a economia dos países é muito interligada, a crise iniciada há dois anos no mercado financeiro dos Estados Unidos acabou rapidamente por afetar a economia global de modo geral.
A atual crise estourou em setembro de 2008, quando uma onda de falências atingiu bancos e empresas imobiliárias norte-americanos. A seguir, o problema espraiou-se para a Europa, provocando a pior crise econômica desde a quebra da Bolsa de Nova York, em 1929. Em consequência, o mundo entrou numa recessão em 2009, da qual estava tentando se recuperar no fim do ano, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas eis que, em dezembro, eclodiu uma crise de endividamento financeiro da Grécia, país da União Europeia, que voltou a tumultuar as bolsas de valores e os mercados internacionais.
As principais características da atual crise, como a grande liberdade de movimento de capitais e a velocidade com que os problemas financeiros surgidos nos Estados Unidos se espalharam, são típicas da globalização, atual fase de desenvolvimento da economia global, na qual o mundo entrou há duas décadas.
[...]
Fonte: Atualidades Vestibular. São Paulo: Abril, 2011. p. 134.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

AQUECIMENTO GLOBAL


Uma verdade inconveniente: Rumo à extinção da vida na Terra

O Prêmio Nobel da Paz 2007 foi para Al Gore e o IPCC, um painel da ONU, pelos trabalhos sobre o aquecimento global.
O Cinema na Escola
João Luís Almeida Machado
Cena do Filme

“A era das protelações, das meia-medidas, das ações a curto-prazo, dos adiamentos, está terminando. Em seu lugar estamos entrando numa era de conseqüências.” (Winston Churchill, primeiro-ministro britânico, na década de 1930, quando o país passou por um estado de emergência causado por questões ambientais).

          Icebergs descongelando. Furacões e enchentes em diferentes partes do mundo. Florestas ameaçadas por incêndios. Fábricas soltando toneladas de fumaça na atmosfera. Muitas pessoas acreditam que, tendo em vista as dimensões de nosso planeta, desastres ambientais de grande intensidade, por maiores que venham a ser, não são capazes de tornar impossível a continuidade da vida no planeta. A essas pessoas é dirigida a mensagem de Al Gore, senador norte-americano, candidato derrotado por George Bush à presidência da república e que se tornou, nos últimos anos, um dos maiores e mais destacados líderes em favor da luta contra o aquecimento global de que se tem notícia.
          E para atingir públicos ainda maiores, de preferência obtendo repercussão nos quatro cantos do mundo, Gore protagonizou palestras em várias instituições, criou materiais através dos quais apresenta e discute o tema do aquecimento global e, para dar maior impacto a sua cruzada mundial, produziu o filme “Uma verdade Inconveniente”.
          Para ilustrar com clareza a tese de que estamos cada vez mais desprotegidos e também para comprovar que somos todos cúmplices no movimento que está levando o Planeta a derrocada final, em uma de suas falas iniciais no filme, Al Gore nos lembra o pensamento de Carl Sagan, renomado e reputado astrônomo norte-americano, mundialmente famoso.
          Segundo Gore, Sagan comparava a atmosfera terrestre a uma fina camada de verniz utilizada para proteger, dar brilho e manter por período mais prolongado de vida um globo terrestre. Trata-se, portanto a atmosfera, de uma camada que, sendo assim tão reduzida, e tendo pela frente toda a ação humana que alterou completamente o equilíbrio da vida na Terra, fragilizou-se de tal maneira, que já não atua como antes o fazia na redução dos efeitos da radiação solar sobre o planeta e os seres que aqui vivem.
          Mas o que realmente aconteceu?
          A atmosfera, que até recentemente era fina o suficiente para deixar os raios ultravioleta emitidos pelo Sol e direcionados ao planeta Terra, aqui entrar e depois sair, conservando dentro dos limites de nossa nave-mãe uma parte dos mesmos, praticamente a medida exata de nossas necessidades (para que sejamos capazes de sobreviver ao frio extremo que existiria caso esse mecanismo não fosse assim ou ainda, para que não sejamos literalmente “cozidos” ou “fritos” se as doses de radiação que aqui permanecessem fossem excessivas), está passando por um processo de “engorda”, ou melhor dizendo, está sendo engrossada.
Cena do Filme
A poluição do ar, do solo e das águas ocasiona e acelera o efeito estufa.

          E o que está ocasionando isso? O chamado “Efeito Estufa”, ou seja, a emissão de gases, fumaça, poluentes, resíduos químicos ou ainda de qualquer tipo de detrito produzido pela humanidade a partir de sua ação na crosta terrestre. Isso inclui, também, os oceanos e toda e qualquer ação que altere a harmonia ali reinante e que esteja sendo produzida pelos homens através de seus processos produtivos (e destrutivos). Esse fenômeno, em sua totalidade, “aprisiona” mais calor na Terra, em virtude da excessiva emissão de dióxido de carbono na atmosfera, e promove o que conhecemos como aquecimento global.
          A quantidade de dióxido de carbono que estamos lançando no ar, no solo e na água é tão elevada que as estimativas científicas para os próximos 50 anos indicam que estaremos tendo, ano após ano, recordes sucessivos de altas temperaturas. E isso já é claramente visível se levarmos em conta o que ocorreu ao longo dos últimos 50 anos nas regiões geladas da Terra, em suas diversas localidades: no Himalaia, nas Rochosas norte-americanas, nos Andes, nos Alpes, no Alasca, na Groenlândia, ou ainda nos pólos Norte e Sul. É uma mensagem muito clara e evidente para todos nós, ou seja, se não fizermos alguma coisa, todo o planeta será seriamente afetado, a ponto de não sermos mais capazes de sobreviver, de resistir.
          Faltará água potável. Alimentos escassearão em virtude da diminuição das áreas de plantio. A desertificação aumentará de proporção em todos os continentes. Espécies vegetais e animais sucumbirão e se tornarão extintas em tempo recorde. A humanidade terá muitas dificuldades para sobreviver, se lograr isso...
          A preocupação com as mudanças climáticas atinge as pessoas como deveria? Não. Ficamos sabendo e nos mostramos sensibilizados em relação a isso. Notícias de desastres ambientais provocados pelas mudanças climáticas tornam-se a cada dia mais freqüentes e não ocorrem de forma isolada, afetando apenas algumas localidades ou continentes. Adentramos a era das conseqüências, como previu Winston Churchill, ainda na década de 1930, como destacado no início desse texto e no filme “Uma verdade inconveniente”, de Al Gore.
          Apesar disso, parecemos sempre muito mais preocupados com o que acontece num contexto muito imediato e particular. Desastres ambientais ocorridos na China ou na Índia, tufões que causam enorme destruição nos Estados Unidos ou no Japão, desertificação crescente que afeta os países africanos ou ainda enchentes e ondas de calor acentuadas que aumentam os índices de mortalidade na Europa são realidades muito distantes.
          Só parecemos realmente nos importar quando esses inconvenientes ocorrem diretamente conosco. As imagens da televisão e as notícias dos desastres na internet são rapidamente esquecidas e tudo fica para trás por conta de nossos compromissos pessoais. E que mundo estamos deixando para nossos herdeiros?
Cena do Filme
O degelo das montanhas e das regiões geladas do planeta aumenta o nível dos oceanos.

          Somos já, enquanto geração que está nesse momento escrevendo a história do planeta, atuando na linha de frente dos processos produtivos que caracterizam o fenômeno da globalização, pessoas que receberam um legado comprometedor, com a Terra já bastante devastada em virtude da ambição desmedida, do não comprometimento com a saúde do ambiente e da necessidade de cavar cada vez mais fundo, em busca das últimas gotas de petróleo ou ainda de crescentes quantidades de ferro, manganês, cobre ou qualquer outro tipo de minério.
          Demos continuidade a ampliação desmedida das áreas de plantio e, em contrapartida, diminuímos sensivelmente a cada ano os espaços destinados as florestas. Tornamos maiores também os índices de produção e produtividade de nossas indústrias, desesperados por nos mostrar sempre mais “musculosos” e prontos para vencer na cada vez mais árdua disputa por mercados mundiais.
          Mas, ainda assim, não nos demos conta do maior de nossos pecados. E o mais mortal de todos. Aquele que pode ocasionar não apenas a nossa purgação eterna, mas que, caso não seja detido, pode gerar milhões de mortes e comprometer para sempre o futuro de todos os seres vivos desse planeta.
          E saibam, nossas crianças não estão alheias a tudo isso. Na verdade, estão muito mais ligadas do que os adultos. E temerosas do que pode lhes acontecer em virtude de nosso descaso com o meio-ambiente. O aquecimento global os faz perder o sono e supera, em muitos casos, os piores vilões dos desenhos animados, dos filmes de ação, suspense ou terror que conhecem.
          Meu filho de 11 anos é prova disso. Tem acompanhado as notícias e, de tantos infortúnios apresentados na televisão, comprovando a força da natureza em sua revolta contra a humanidade, constantemente se pergunta sobre nossas possibilidades reais de sobrevivência. Numa dessas ocasiões, sentou-se ao meu lado na cama e começou a chorar, assustado com o que lhe parece ser inevitável.
          Perguntou-me então, se eu achava que existia uma saída real para o aquecimento global que nos ameaça tão fortemente. Contei que cientistas e pesquisadores de várias partes do mundo estavam nesse momento debruçados sobre a questão, analisando alternativas e propondo idéias que poderiam reverter o quadro, tão desolador.
Cena do Filme
A incidência de furacões, tornados, enchentes, secas e do fenômeno da desertificação tornou-se muito maior ao longo dos últimos 30 anos.

          Lembrei-lhe então de um filme que havíamos assistido, uma versão recente de “Peter Pan” levada as telas. Pedi a ele que se recordasse do momento em que a fada Sininho estava enfraquecida e prestes a morrer, pois as crianças pareciam não mais acreditar nela ou em qualquer tipo de ser encantado. Para que isso não acontecesse, Peter Pan disse a Wendy e as crianças que estavam na Terra do Nunca, que deveriam crer e dizer, em alto e bom som, que acreditavam na existência de seres mágicos como fadas, gnomos, ogros ou duendes. E as crianças do mundo todo começaram então a entoar em altos brados: “Eu acredito, eu acredito, eu acredito...”.
          E a partir de então, sempre que lê ou escuta algo sobre aquecimento global, e se sente ameaçado pela devastação que estamos provocando na Terra, ele olha para mim e diz: “Eu acredito! Eu acredito!”, referindo-se no caso, a possibilidade que temos de conseguirmos salvar o planeta...
          “Uma verdade inconveniente” é um filme obrigatório e certamente uma das mais importantes produções dos últimos 30 ou 40 anos. Por quê? Pois é justamente a partir de então que aumentamos e aceleramos ainda mais o ritmo de devastação que está provocando o efeito estufa e o aquecimento global... Ou agimos rapidamente ou comprometeremos para sempre a vida no planeta... Senão por nós, pelo menos pelas próximas gerações e por todos os seres vivos que estamos sacrificando...
João Luís Almeida Machado
Editor do Portal Planeta Educação; Doutorando pela PUC-SP no 
programa Educação:Currículo; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura 
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie(SP); Professor universitário e Pesquisador.

Ficha Técnica
Cartaz do Filme
Uma verdade inconveniente
(An inconvenient truth)
País/Ano de produção: Estados Unidos, 2006
Duração/Gênero: 100 min., Documentário
Direção de Davis Guggenheim
Roteiro de Al Gore

fonte: geomundo