segunda-feira, 18 de junho de 2012

URBANIZAÇÃO


URBANIZAÇÃO MUNDIAL


A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, as atividades industriais e de serviços expandiram-se nas cidades, consolidando seu papel centralizador.

São Paulo e seu crescimento urbano
Urbanização é um processo de afastamento das características rurais de uma localidade ou região, para características urbanas. Usualmente, esse fenômeno está associado ao desenvolvimento da civilização e da tecnologia. Demograficamente, o termo denota a redistribuição das populações das zonas rurais para assentamentos urbanos. O termo também pode designar a ação de dotar uma área com infra-estrutura e equipamentos urbanos, o que é similar a significação dada à urbanização pelo Dicionário Aurélio - Século XXI: "conjunto dos trabalhos necessários para dotar uma área de infraestrutura (por exemplo, água, esgoto, gás, eletricidade) e/ou de serviços urbanos (por exemplo, de transporte, de educação, de saúde)". Ainda pode ser entendido somente como o crescimento de uma cidade.
Em 2008, pela primeira vez na história, o número de pessoas vivendo em cidades superou o número de pessoas vivendo no campo. A humanidade parece estar deixando para trás o longo passado rural, e caminhando rapidamente para um futuro cada vez mais urbano. De acordo com estimativas da ONU, entre 2005 e 2030, todo o crescimento da população mundial ocorrerá em cidades, especialmente naquelas situadas em países pobres.
As cidades resultam de um processo de ocupação e organização do espaço com algumas características comuns. Em primeiro lugar, são locais de grande aglomeração de pessoas. Desde os primeiros núcleos urbanos, isso representou certo grau de permanência, de vida sedentária, rompendo a intensa mobilidade dos povos nômades. Mas foi também nas primeiras cidades que surgiram ou se especializaram atividades distintas daquelas realizadas no campo, tais como o comércio, a administração e as ligadas à defesa dos territórios.
A partir do século XVIII, com a Revolução Industrial, as atividades industriais e de serviços expandiram-se enormemente nas cidades, intensificando ainda mais a concentração da população nesses espaços e consolidando seu papel centralizador.
Os critérios que distinguem o urbano e o rural são definidos pelas agências nacionais de estatísticas (no caso do Brasil, o IBGE), de acordo com as normas estabelecidas pela legislação de cada país. Por isso mesmo, eles variam muito de um país para outro e são muito relativos. Na Islândia, uma aglomeração com apenas 300 habitantes já é classificada como cidade; na Grécia, seriam necessários 10 mil habitantes para atingir o mesmo status. No Brasil são considerados urbanos aqueles que residem na sede dos municípios ou na sede dos distritos municipais, independentemente do número de habitantes.
Quando falamos em urbanização, estamos nos referindo ao aumento da porcentagem de população urbana em relação à porcentagem de população rural. Em um país urbanizado, a porcentagem da população vivendo em assentamentos considerados urbanos é superior à da população rural. Esse fato ocorre principalmente devido ao êxodo rural, ou seja, à migração rural-urbana. O nível de urbanização é a percentagem da população total que vive nas cidades; a taxa de urbanização refere-se ao ritmo de crescimento da população urbana.
Nas economias modernas, o mundo rural é fortemente conectado ao mundo urbano. Máquinas e equipamentos industrializados, assim como tecnologias produzidas na cidade, são consumidos nas áreas rurais, que, por sua vez, abastecem as cidades com alimentos e matérias-primas. Quanto maior o grau de modernização técnica da agricultura, menor é a oferta de trabalhadores agrícolas e mais urbanizada tende a ser sociedade.
Entretanto, existe uma grande diferença entre população rural e população agrícola. População rural é aquela que mora em áreas rurais; população agrícola é aquela diretamente vinculada ao trabalho na agricultura e na pecuária. No estado de São Paulo, por exemplo, aproximadamente metade da população rural realiza atividades não agrícolas, tais como prestação de serviços domésticos e de lazer.
Com o crescimento desordenado, surgem as favelas

AS ONDAS DE URBANIZAÇÃO

A primeira grande onda de urbanização, circunscritas aos países mais desenvolvidos da Europa e da América do Norte, ocorreu entre 1750 e 1950, quando a taxa de urbanização do conjunto desses países passou de 10% para 52%, e a população urbana cresceu de 15 para 423 milhões de pessoas. A pioneira Inglaterra já apresentava nível de urbanização superior a 50% em 1850. A industrialização, o desenvolvimento das cidades e a modernização agrícola explicam esse processo, que gerou inúmeros problemas ambientais e sociais.
Uma segunda onda de urbanização teve início em 1950, nos países subdesenvolvidos da América Latina, Ásia e da África. Trata-se de um processo muito mais veloz. A ONU estima que a população urbana deverá duplicar entre 2005 e 2030, com crescimento acelerado na América Latina, que já apresenta nível de urbanização superior ao da Europa.
Cerca de 80% do crescimento urbano no planeta entre 2005 e 2030 deverá ocorrer na Ásia e na África, que no final deste período abrigarão quase sete de cada dez habitantes urbanos no mundo. Entretanto, a China e a índia, que têm as maiores populações do mundo, ainda contam com grande porcentagem de população rural.
A segunda onda de urbanização pode ser explicada pela concentração da propriedade da terra e pala falta de apoio aos pequenos agricultores, que expulsam continuamente a população agricola. Em diversos países pobres, a migração rural-urbana se destina a um número reduzido de cidades. Motevidéu, no Uruguai Buenos Aires, na Argentina, e Seul, na Coreia do Sul, são exemplos de cidades que concentram mais de 50% da população urbana do país, fenômeno conhecido como macrocefalia urbana, isto é, caracterizada pelo desequilíbrio populacional de uma determinada região que pode ser classificada como cidade, estado ou país onde se tornam dominantes e autoritárias em relação a outras cidades por ser favorecida pela quantidade de habitantes que contém e também pela grande quantidade de indústrias em seu território.
Os grande aglomerados urbanos no mundo
A rápida urbanização dos países subdesenvolvidos está sendo acompanhada de um novo conjunto de problemas ammbientais, sociais e de saúde, já que não vem sendo acompanhada pelos investimentos em infraestrutura, como energia, água e saneamento, e principalmente, pela oferta de trabalho.
Para a maior parte da população recém-chegada do campo, sobram apenas empregos temporários, de baixa remuneração, e moradias precárias, tais como as favelas e os cortiços. A situação de exclusão social gera violência urbana e alimenta o aliciamento dos mais jovens para as atividades ilegais, tais como o tráfico de drogas.
Entyretanto, mesmo nessas condições, a ONU acredita que a urbanização do planeta pode ser um fenômeno positivo.

URBANIZAÇÃO: PROBLEMA OU SOLUÇÃO?

"A urbanização - o aumento da parcela urbana na população total - é inevitável e pode ser positiva. A atual concentração da pobreza, o crescimento das favelas e a ruptura social nas cidades compõem, de fato, um quadro ameaçador. Contudo, nenhum país na era industrial conseguiu atingir um crescimento econômico significativo sem a urbanização. As cidades concentram a pobreza, mas também representam a melhor oportunidade de se escapar dela. As cidade também refletem os danos ambientais causados pela civilização moderna; entretanto, os especialistas e os formuladores de políticas reconhecem cada vez mais ovalor potencial das cidades para a sustentabilidade a longo prazo. Mesmo que as cidades gerem problemas ambientais, elas também contêm as soluções. Os benefícios potenciais da urbanização compensam amplamente suas desvantagens. O desafio está em aprender como explorar suas possibilidades."
As megacidades espalhadas pelo mundo

METRÓPOLES, MEGACIDADES E CIDADES GLOBAIS

Em 200, o tamanho médio das 100 maiores cidades do mundo era cerca de dez vezes maior do que em 1900.
Apesar desse aumento espantoso, mais metade da população urbana mundial vive em cidades com menos de 500 mil habitantes. No outro extremo, 9% da população mundial habita cidades com mais de 10 milhões de habitantes, classificadas pela ONU como megacidades.
Atualmente, a maior parte das megacidades do mundo está situada em países subdesenvolvidos. É o caso de Mumbai (ex-Bombaim), Délhi e Calcutá, na Índia; Jacarta, na Indonésia; São Paulo, no Brasil; de Buenos Aires, na Argentina; da Cidade do México, no México; de Pequim (Beijing) e de Xangai, na China. Nos países desenvolvidos destacam-se as megacidades de Nova York e Tóquio.
No entanto, muitas megacidades combinam a redução da taxa de crescimento natural de suas populações com movimentos migratórios em direção a outros centros urbanos, o que tem como resultado um crescimento populacional moderado ou baixo. Isso ocorre, por exemplo, em Buenos Aires, Calcutá, Cidade do México, São Paulo e Seul.
As megacidades reúnem migrantes de diversas procedências, muitos deles constituindo grupos de variadas etnias. Dessa forma, além de serem centros de economia dinâmica, crescimento e inovação, são territórios de grande diversidade cultural. Por outro lado, elas também são pontos de concentração de desigualdades sociais e de degração ambiental.
A concentração da população nas cidades provocou dois processos interligados: a verticalização das áreas mais centrais e o surgimento de novos loteamentos na periferia urbana.
O principal fator responsável pela verticalização é o aumento dos preços dos terrenos nos bairros com melhor infraestrutura e acessibilidade. O valor elevado por metro quadrado torna rentável a indústria da construção civil, que atua agressivamente na obtenção de lotes e na oferta de empreendimentos imobiliários. Um dos melhores exemplos desse processo é o da região da Central Park, em Nova York: é preciso pagar um preço astronômico para ter o privilégio de usufruir a melhor vista da cidade.
Nas últimas décadas, porém, os novos loteamentos na periferia crescem mais rápido do que a verticalização, dando origem ao fenômeno da periurbanização.
As causas desse fenômeno são variadas. O elevado custo dos imóveis nos bairros mais próximos do centro expulsa a população de menor renda, que busca solucionar seu problema de moradia nos loteamentos mais distantes, deficientes em infraestrutura e serviços urbanos adequados. Por sua vez, a população de maior renda investe em loteamentos de alto luxo fora do núcleo central, longe da poluição e do congestionamento.
A maior parte do lixo urbano ainda é jogado em lixões a céu aberto
O processo de expansão territorial das cidades muitas vezes resulta na formação de grandes manchas urbanas, que atravessam as fronteiras municipais. Esse fenômeno é conhecido como conurbação.
A região do ABCD de São Paulo é um exemplo típica dessa situação, pois une fisicamente as áreas urbanas Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano Sul e Diadema. Na Alemanha a urbanização se estende ao longo do Rio Reno, abrangendo cidades próximas como Colônia, Dusseldorf, Essen e Bonn.
As cidades mais importantes de um país, ou a cidade principal de uma rede urbana conurbada, recebem o nome de metrópole (junção de duas palavras gregas: menter, mãe, e pólis, cidade). A influência das metrópoles se estende de forma acentuada às cidades vizinhas, funcionando como polos de prestação de serviços sofisticados.
As metrópoles nacionais exercem influência em todo o território de um país. É o caso, por exemplo, de Nova York (EUA), Tóquio (Japão), Sidnei (Austrália) e São Paulo (Brasil). Já as metrópoles regionais, como Lion (sudeste da França), Vancouver (litoral do Pacífico canadense), Seattle (noroeste dos EUA) e Belém (Região Norte do Brasil), influenciam uma parte do território do país.
As megalópoles são as maiores aglomerações urbanas da atualidade. Elas se formam pela expansão ou pela conurbação de duas ou mais metrópoles, originando uma extensa área urbanizada. Em geral, uma ou mais metróples polarizam, ou seja, exercem influência em toda a região conurbada.
A mais antiga e maior megalópole é a chamada Bos-Wash, na costa nordeste dos Estados Unidos. Ela se estende por territórios de dez estados, desde Boston (Bos) até Washington (Wash), abrangendo a importante metrópole de Nova York, além de Baltimore e Filadélfia. Concentra cerca de 20% da população total do país.
Na Inglaterra, destaca-se a megalópole Londres-Birmingham-Manchester. No sudeste do Japão, a megalópole de Tokaido abrange Tóquio, Nagoya, Hamamatsu, Osaka, Kyoto, Kobe, Hiroshima e Nagasaki e estende-se por grande parte do território japonês.
Algumas cidades tornaram-se centros de poder. Elas coordenam e centralizam atividades terciárias (bancos, publicidade, consultorias etc.) e são promotoras da integração das economias nacionais com os mercados mundiais. Conhecidas como cidades globais, constituem espaços essenciais de administração, coordenação e planejamento da economia capitalista nesta época de globalização. Observe algumas características dessas cidades.
Dotadas de boa infraestrutura, comandam as atividades produtivas.
São polos financeiros, comerciais e de serviços. Por elas transitam a maior parte do dinheiro que alimenta os mercados financeiros internacionais. Contam com investimentos em tecnologia de ponta.
Sediam grandes empresas transnacionais.
Têm profunda integração com a economia global,irradiam progressos tecnológicos e polarizam os fluxos das redes mundiais.
Integram-se às redes mundiais por um conjunto de atividades que caracterizam a fase econômica atual, como serviços especializados e alta tecnologia para a indústria e para o comércio: escritórios, consultorias, publicidade, financiamentos, telecomunicações etc.
Considerando essas características, a maior parte das megacidades não são cidades globais. É o caso da maior parte das megacidades dos países subdesenvolvidos, que possuem precária infraestrutura de transportes e de comunicações e nas quais predomina a população de baixa renda. Por outro lado, algumas cidades globais são relativamente pequenas em termos populacionais.
Alguns autores chegam alistar 55 cidades globais no mundo, como Zurique, na Suíça; Nova York, nos Estados Unidos; e Tóquio, no Japão. A maior parte dessas cidades localiza-se em países desenvolvidos, mas a rede se estende também por cidades em países subdesenvolvidos, como Cingapura, Cidade do México e São Paulo. Entretanto, alguns estudiosos consideram que o fenômeno mais importante da atualidade é a disseminação das megacidades, e que, em alguma medida, toda cidade é global.

A SOCIEDADE URBANA

Em todo o mundo, a população que migra do campo para acidade busca uma vida mais confortável, a possibilidade de consumir mais produtos e usufruir melhores serviços. Entretanto, principalmente nos países periféricos, as estatísticas mostram que a maior parte da população urbana é composta de pessoas pobres, ainda que de modo geral elas expressem preferência pela vida na cidade devido às condições de extrema carência em que viviam no meio rural.
Com possibilidades limitadas de emprego, uma parcela considerável da população que migra para as cidades integra-se na economia informal, composta de atividades não regulamentadas, ficando à margem do sistema tributário.

SANEAMENTO E LIXO URBANO

Segundo a ONU, em 2005 havia 2,6 bilhões de pessoas (quase metade da população mundial) sem acesso a saneamento adequado. Essas pessoas têm de recorrer a fossas, lagos, rios e córregos já poluídos com excrementos humanos ou de animais. Em Nairóbi, no Quênia, a falta de sanitários e de saneamento nos bairros pobres obrigam as pessoas a usar sacos plásticos para recolher suas fezes e deixá-los nas ruas.
Com o crescimento e a multiplicação das cidades, surgiu outro problema ambiental: a escassez de áreas para destinação do lixo sólido. O maior consumo de produtos industrializados e, principalmente, de produtos descartáveis aumentou o volume de lixo assustadoramente, tornando seu destino um dos maiores problemas da sociedade moderna.
Na maioria das cidades so mundo menos desenvolvido as montanhas de lixo geradas diariamente são depositadas em lixões a céu aberto. Esse modo de destinação final do lixo causa graves problemas ambientais: a deteriorização dos materias exala odores fortes, contamina as águas superficiais e subterrâneas pela infiltração do chorume - um líquido proveniente da decomposição do lixo - e é foco de transmissão de doenças à população do seu entorno.
A incineração do lixo, outra destinação dada ao lixo em diversas cidades, reduz entre 60% e 90% o volume dos resíduos sólidos, transformando-os em gases, calor e materiais inertes. Entretanto, polui o solo, as águas e o ar com cinzas e escórias de metal.
Vejamos algumas soluções para uma melhor destinação ao lixo.
O aterro sanitário é um processo de redução do volume dos resíduos sólidos. Após a deposição no solo, o lixo é compactado e coberto diariamente com uma camada de terra, oferecendo menor risco à saúde pública. Muitos aterros exploram o biogás, produzido pela decomposição da matéria orgânica depositada, permitindo a produção de eletricidade.
A usina de compostagem é uma instalação que transforma o lixo orgânico (restos de alimentos, cascas e bagaços de frutas, verduras, legumes, podas de jardim) em composto (adubo) para uso agrícola.
A usina de reciclagem promove a separação de materiais como metais, vidros, plásticos e papéis para reutilização, o que traz muitos benefícios, como economia de divisas, de energia e de matéria-prima.